A diminuição de gastos no condomínio é um item frequente na pauta das assembleias e na rotina de qualquer síndico. Os custos com energia elétrica são, sem dúvida, um dos mais preocupantes na administração do orçamento por isso, síndicos e administradores estão sempre em busca de maneiras viáveis de economizar.
Medidas simples, como substituir lâmpadas atuais por modelos mais econômicos, como as de LED, instalar sensores de presença em áreas comuns como garagens e portaria, desligar as luzes das áreas de lazer após o horário de encerramento das atividades, checar as luzes dessas áreas durante o dia e fazer um rodízio nos elevadores, podem ajudar na redução da conta de luz do condomínio no final do mês.
O desperdício de energia é bastante comum quando os sistemas de iluminação necessitam de acionamento manual para serem ligados e desligados. Esta questão tem gerado um interesse crescente dos condomínios residenciais e comerciais em automatizar esses mecanismos de iluminação para minimizar desperdício de energia, nesses casos a solução mais comum e eficiente encontrada é o uso de sensores de presenças e as minuterias, porém, muitas pessoas ainda desconhecem a diferença entre esses dois mecanismos. Os sensores costumam ser mais eficientes, mas caso haja uma gestão adequada das minuterias, elas também podem ser muito eficazes para promover a economia.
As minuterias são dispositivos eletrônicos ou eletromagnéticos que dependem de um mecanismo com engrenagens parecidas com o de um relógio, caso apresente algum defeito, nem sempre um eletricista consegue consertar. Elas devem ser instaladas em locais pré-determinados, devido ao seu mecanismo, e precisam ser acionadas através de um interruptor manualmente (para o usuário, funcionam como interruptores normais). Este sistema serve para manter as lâmpadas acesas apenas por um período determinado de tempo, depois de acionadas, o apagamento delas é automático.
Esses dispositivos podem ser vistos de duas formas: coletivo e individual. O primeiro permite ligar a luz de alguns dos andares do prédio ou de todos os andares ao mesmo tempo, ou seja, mesmo que o sistema tenha sido acionado em apenas um local, a iluminação dos demais pontos interconectados também será acionada através de um botão instalado junto ao disjuntor que as controla. Com a opção pelo sistema coletivo é importante escolher um equipamento com capacidade adequada à rede de iluminação do condomínio para evitar sobrecarga. Já o sistema individual costuma ser mais econômico, pois a iluminação de cada andar pode ser acionada individualmente ao se acionar o botão de comando.
Os sensores de presença possuem semelhanças com um dispositivo de fotocélula comum, pois ambos são elementos que automatizam o uso da luz artificial. Os sensores são equipamentos que acionam automaticamente a iluminação do local ao detectar a presença de alguém ou algum tipo de movimentação, mantendo-se ligado durante o período de movimento e desligando-se automaticamente quando o ambiente estiver vazio. Eles podem ser instalados no teto paredes, embutidos em caixas de luz ou em luminárias, já que são completamente automáticos, e o acionamento da iluminação geralmente tem um alcance de 3 a 10 metros.
Os sensores de presença podem ser encontrados em três diferentes modelos: infravermelho, ultrassom ou dual. O infravermelho é extremamente sensível ao calor humano. Já o ultrassom emite ondas que se rebatem de volta para o sensor, acionando o dispositivo e ligando a iluminação. O sensor dual combina os dois tipos de tecnologia no mesmo equipamento, ele pode ser acionado pela presença de pessoas ou acionado pela chegada da noite e amanhecer. Tudo depende da situação em que podem ser necessários. A grande maioria dos sensores pode ser programada para deixar as lâmpadas acesas por um determinado tempo, seja 30 segundos ou até minutos tais como as minuterias.
De um modo geral pode-se afirmar que os sensores de presença tendem a ser mais econômicos que as minuterias. Contudo é sempre aconselhável realizar cálculos para comparar a economia obtida pela escolha desta ou daquela tecnologia quanto ao custo fixo de consumo, a aquisição e a manutenção durante a vida útil.
Economia
No condomínio residencial Negresco, em Copacabana, o sistema por sensores de presença já funciona há algum tempo. Maria de Fátima Oliveira Fonseca, síndica profissional há 27 anos e a frente do Negresco há cinco, identificou resultados positivos na redução do consumo de energia após a automatização da iluminação do condomínio. Ela contratou uma empresa especializada que fez a instalação dos sensores de presença em todas as áreas comuns do edifício, exceto na portaria que conta com porteiro 24 horas, e afirma estar satisfeita com a substituição. “Solicitei o orçamento e após aprovação dos moradores em assembleia contratamos o serviço e substituímos todas as lâmpadas. Os aparelhos dificilmente apresentam defeito e quando acontece a empresa faz a substituição na mesma hora. A manutenção é feita somente com as lâmpadas quando precisam ser trocadas”, explica a síndica.
Para Maria de Fátima a maior vantagem, sem dúvida, é a economia na conta de luz, já que antes as lâmpadas do prédio ficavam acesas muitas vezes sem necessidade o que gerava um aumento no consumo de energia. “Apesar de o investimento ser alto em um primeiro momento, o retorno pode ser percebido em pouco tempo” e ainda faz um alerta para os síndicos que querem trocar seus sistemas de iluminação. “É preciso saber se a rede elétrica do condomínio está apta para receber essa instalação. Minha dica é optar por uma marca e uma empresa de confiança, além de atentar para o fato de existirem sensores específicos para instalação em áreas internas e outros para áreas externas”, finaliza.
Segurança
A avaliação sobre o sistema mais adequado ao condomínio deve levar em conta o porte e quantidade de moradores. Importante também é realizar uma comparação da economia potencial frente aos investimentos necessários para adoção das tecnologias, incluindo os futuros custos de manutenção, depreciação, além do tempo de vida útil de cada sistema.
Segundo Aline Sartorio, diretora comercial da empresa ABC Telecom, especializada em instalações desses sistemas,nos prédios residenciais os sensores de presença vêm substituindo com muito mais comodidade as antigas minuterias, tanto em halls como em garagens, escadas e áreas externas. “Com a alta dos valores na conta de energia os síndicos estão buscando soluções cabíveis para reduzir esses custos e os sensores de presença têm esse objetivo, pois só acionam as lâmpadas das áreas comuns quando existe a presença de alguém. Isso faz com que se minimize o desperdício de energia elétrica em ambientes que precisam ter as luzes acesas”, afirma a diretora.
Além da economia de energia muitos síndicos aproveitam os sensores de presença para identificar a entrada ou permanência de pessoas indesejáveis nos locais do condomínio que não estão visíveis aos porteiros e vigias noturnos, basta instalar alarmes nos locais estratégicos, para que os funcionários encarregados de vigilância percebam a entrada indevida. Essa medida torna o controle pela portaria mais preciso, evitando que o porteiro ou vigilante se ausente da portaria para essa verificação constante.
Para Aline, em locais de muito movimento de pessoas, como halls e portarias, é aconselhável o uso de lâmpadas incandescentes, ao invés de lâmpadas fluorescentes tubulares ou compactas devido à drástica redução de sua vida útil quando submetidas a um regime intenso de acendimento e desligamentos em locais de intenso movimento. “Ao usar as incandescentes nestes locais, deve-se preferir que sejam instaladas em pontos estratégicos, como corredores principais e na frente de elevadores, para que permaneçam acesas em caráter direto”, explica. Já ao utilizar qualquer um desses sistemas com lâmpadas do tipo fluorescentes pode-se conseguir uma economia de até 80% no consumo. “Deve-se analisar a quantidade de lâmpadas que serão acesas e apagadas automaticamente pelos sensores e manualmente pelas minuterias, pois os mesmos tem um limite de potência em watts a suportar, e sendo esse limite excedido pode queimar o sensor ou danificar as minuterias”, alerta a diretora da ABC Telecom.
A instalação desses ou de qualquer outro tipo de equipamento deve ser feita por funcionários capacitados e com conhecimento em elétrica/eletrônica, além de ser necessária uma avalição prévia do local para que sejam analisadas as condições gerais das lâmpadas e luminárias que serão acionadas. “É importante contratar uma empresa com referências nessas instalações para executar o serviço, pois é necessário conhecimento técnico para fazê-lo e principalmente por ser necessário mexer na parte elétrica do condomínio, pois a segurança de todos deve estar em primeiro lugar”, finaliza Aline Sartorio.
Matéria escrita por: Juliana Marques
Fonte: Revista Síndico