A primavera chegou, e com, ela, a vontade de ficar mais tempo ao ar livre, e cuidar das plantas à nossa volta. Pode ser um ótimo momento também de começar uma horta no seu condomínio.
Com poucos recursos já é possível montar uma, com temperos, ervas e hortaliças.
“Nos condomínios com mais espaço, a horta pode ser em canteiros. Caso contrário, é possível cultivar em vasos, sem nenhum problema”, explica Cynthia Isnard, decoradora e paisagista que cuida desses espaços em alguns condomínios.
O fundamental é que seja em um local onde bata luz direta, ajudando assim no crescimento das plantas.
Para minimizar os custos, a plantação pode ser feita em vasos. Se a opção for pelos canteiros, são necessários tijolos, uma impermeabilização com manta asfáltica no local e terra apropriada para o cultivo.
Outra opção é utilizar uma parte da área do jardim, ou uma jardineira, para esse fim.
Caso haja qualquer adaptação do espaço físico do condomínio que envolva gastos extras, vale a pena chamar uma assembleia para referendar a decisão.
Nesse caso também vale decidir como serão divididos os frutos da horta, se a mesma será colhida por um funcionário ou pelos próprios moradores e quem ficará responsável pelo cuidado diário do espaço.
Manutenção da horta do condomínio
Esperar que as crianças do condomínio ou que um morador cuide da horta pode não ser uma ideia que perdure, já que a área demanda cuidados diários.
O mais comum é que a empresa que cuida da área verde do condomínio também faça a manutenção desse espaço, evitando que a área se degrade.
“Aqui começamos o projeto da horta com a ajuda das crianças, mas rapidamente elas perderam o interesse. Por isso, achamos melhor focar na empresa que já cuida da área verde do condomínio”, assinala o síndico Celio de Almeida.
Com quatro grandes canteiros e jardineiras destinados à horta do seu condomínio, Célio conta que os cuidados do dia-a-dia também são responsabilidade da zeladora do residencial, que é encarregada de fazer a irrigação no local diariamente.
“A empresa vem duas vezes por mês, para fazer um cuidado mais ‘global’ da horta. Também preferimos o plantio de mudas pequenas, que apesar de mais caras crescem mais rápido do que se plantássemos sementes”, explica o gestor.
Para Cynthia, duas vezes por mês é um intervalo adequado para o cuidado com esse tipo de área.
“Só quando o espaço estiver bem no começo é que demanda cuidado profissional semanal”, explica ela.
Cuidados com a horta
“As espécies que geralmente plantamos em hortas são mais suscetíveis a pragas e sensíveis à falta de manutenção”, explica Lucas Bonini, diretor da empresa Brasil Reage Gestão Ambiental.
Veja quais são os cuidados essenciais para a horta do seu condomínio:
Irrigação diária: feita de acordo com o recomendado pela empresa paisagista, de preferência em horário pré-estabelecido
Limpeza diária: retirada de plantas daninhas
Adubação de preferência orgânica
Tratamento contra pragas: Ficar de olho nas pragas ajuda a manter o espaço sempre bem cuidado. Uma dica contra cochinilha, lesmas, lagartas e outras espécies é deixar um tampinha de garrafa com cerveja no local, atraindo assim os animais. Dessa forma, sua retirada fica simplificada
Rodizio de espécies: trocar as espécies de tempos em tempo é bom para não exaurir o solo. Também colabora com menos pragas no local.
Apesar de constarem diversos itens, a irrigação diária, apesar de simples, é uma das mais importantes.
“É fundamental que essa rega ocorra diariamente, principalmente em áreas e épocas mais quentes”, ensina a paisagista Cynthia Isnard.
Regras para a colheita na horta do condomínio
No condomínio de Celio, os moradores são livres para colher o que quiserem, sempre com bom senso.
Lucas Bonini ressalta a importância do gerenciamento e utilização correta da horta.
“No caso dos produtos da horta serem destinados para o consumo, é necessário uma organização para que haja um rodizio da colheita, pois cada espécie possui um tempo diferenciado e formas diferente de serem colhidas e replantadas. Assim, deve-se criar regras comuns para uso, determinando que não poderá ser liberado para que qualquer morador possa colher os alimentos a qualquer hora em qualquer quantidade. Ressaltamos também a importância da higiene durante todo o processo da colheita até o consumo”, explica ele.
6 dicas gerais para a horta comunitária
LOCAL: O local escolhido para a horta deve receber muitas horas de sol por dia, o que inviabiliza o uso de áreas na sombra a maior parte do tempo. Se o piso não receber sol, mas as paredes sim, é possível altear os canteiros.
O QUE PLANTAR: O ideal é que sejam plantadas ervas, temperos e chás. Hortaliças demandam mais atenção e cuidado.
MONITORAMENTO: Para evitar vandalismos e preservar as regras estabelecidas, é bom que a horta seja filmada pelo CFTV. Dessa forma, a segurança do espaço está assegurada.
COLHEITA: Em alguns condomínios, quando os temperos estão prontos para o consumo, o responsável pela horta colhe e envia às unidades o produto. Em outros, os condôminos são livres para se servir dos frutos da horta sempre que quiserem. Há também a possibilidade de um morador escolhido separar o que foi colhido, e distribuir às crianças do condomínio.
BOM SENSO: Vale lembrar que o local é de todos e que o bom senso na hora da colheita deve prevalecer.
PODA: A poda da horta também pede cuidados: deve ser feita um dedo rente ao solo, para que a planta cresça corretamente.
Dicas do especialista
Conversamos com o engenheiro agrônomo especialista em hortas orgânicas Marcelo Noronha que, ele deu diversas dicas sobre como plantar ervas em espaços reduzidos.
Noronha explicou que divide as plantas em duas categorias: as que precisam de profundidade (com mais de 60 cm) e as que não precisam.
Entre as mais espaçosas temos manjericão, alecrim, capim cidreira,pimentas,sálvia e louro. Se for plantar em vasos, essas o engenheiro agrônomo não indica que sejam plantadas no mesmo recipiente.
Já as espécies que não necessitam de locais tão profundos, como cebolinha, salsinha, tomilho, coentro, orégano, manjerona e hortelã permitem misturas em sua maioria, mas o ideal é que sejam plantadas aos pares. A exceção é a hortelã, que deve ficar sozinha no seu vaso.
Também é melhor não plantar a salsinha e o coentro no mesmo recipiente, já que são bastante parecidos.
Para preparar o solo corretamente, a receita é: argila expandida, areia grossa e, então, uma camada de composto de terra com húmus ou esterco de vaca.
Também se deve levar em conta a necessidade real de água da planta, que, em geral, recebe muito mais rega do que precisa. Deve haver furos no fundo do vaso para que a água excessiva escorra por ali.
Espécies a serem cultivadas
alecrim
manjericão
manjerona
hortelã
capim-limão
capim-cidreira
erva-doce
carqueja
arruda
orégano
salsa
salsinha
cebolinha
coentro
tomilho
guaco
O melhor é que cada espécie tenha o seu local separado das demais. Assim, uma planta não cresce em cima da outra.
Fontes consultadas: Marcelo Noronha, engenheiro agrônomo e responsável pelo site minhahorta.com.br; Gabriel de Souza, diretor da administradora Prop Starter, Fernando Santoro, sub-síndico e parte do Conselho dos Síndicos, do Secovi-SP, Marcelo Ribeiro Fonseca, sócio da Flora Brasil, Thais Denise Nascimento, bióloga paisagista sócia do Natureza em Arte, Sergio Meira, diretor de condomínios do Secovi-SP, Cynthia Isnard, decoradora e paisagista, Celio de Almeida, síndico, Lucas Bonini, diretor da empresa Brasil Reage Gestão Ambiental
Site: https://www.sindiconet.com.br